A incoerência da legislação brasileira no contexto do plano diretor

A legislação brasileira apresenta uma característica paradoxal quando se trata de ordenamento urbano e planejamento territorial. Embora o federalismo permita que municípios tenham poder legislativo sobre assuntos locais, as leis municipais frequentemente são obrigadas a serem mais restritivas e subservientes às leis federais e estaduais, inclusive em temas de interesse particular do município. Um exemplo claro dessa incongruência é o Plano Diretor, um instrumento criado para guiar o desenvolvimento urbano, que em sua forma atual, reflete muito mais um formalismo burocrático do que uma resposta prática às necessidades específicas de cada cidade.

O sistema federativo brasileiro, em teoria, delega competência legislativa para que estados e municípios atuem de forma independente e coordenada. No entanto, na prática, existe uma hierarquia normativa que impõe que leis municipais sigam diretrizes federais e estaduais, frequentemente de forma mais restritiva do que estas. Quando se analisa o Plano Diretor, essa relação de subordinação se revela especialmente problemática: municípios, ainda que tenham o maior entendimento sobre suas necessidades e peculiaridades, encontram-se limitados a replicar dispositivos do Estatuto da Cidade, o qual, por sua vez, tem um caráter generalista.

O Estatuto da Cidade, instituído pela Lei Federal 10.257/2001, estabelece diretrizes gerais de política urbana e impõe requisitos mínimos para os Planos Diretores, determinando que eles devem orientar o desenvolvimento urbano de forma sustentável. No entanto, em muitos casos, os municípios acabam por transcrever os mesmos conceitos do Estatuto em seus Planos Diretores, sem, de fato, desenvolverem abordagens específicas para seu território. Isso gera um documento legislativo com pouca novidade ou contribuição relevante, desperdiçando um potencial de inovação e adaptação local que poderia transformar o ambiente urbano.

O fato de replicar os dispositivos do Estatuto da Cidade cria uma situação em que o Plano Diretor se torna um instrumento de aplicação limitada, com grande parte do conteúdo consistindo em repetições de diretrizes federais, para tratar muito pouco de especificidades locais. Na prática, isso significa que o Plano Diretor, em vez de representar uma legislação viva e em sintonia com as demandas da cidade, se transforma em um documento protocolar, que pouco agrega ao ordenamento urbano.

Essa redundância legislativa torna-se ainda mais incoerente quando se considera que o município, enquanto ente federativo que conhece mais profundamente sua realidade, poderia, e deveria, ter maior liberdade para legislar de forma adaptada ao seu contexto específico. A imposição de diretrizes superiores, que podem ser inadequadas para um determinado município, engessa o planejamento urbano, resultando em leis que são aplicadas por formalidade, e não por sua eficácia prática. Em vez de serem instrumentos dinâmicos de política urbana, os Planos Diretores tornam-se mais um produto da burocracia, sem a capacidade real de promover o desenvolvimento local.

Considerando a redundância dos Planos Diretores, surge uma questão fundamental: não seria mais objetivo que a lei municipal se concentrasse apenas nos aspectos específicos e inovadores, deixando de lado o que já está consolidado na legislação federal? Em outras palavras, os municípios poderiam dedicar os Planos Diretores exclusivamente àquela parte que realmente fazem diferença na realidade local, aproveitando ao máximo o conhecimento específico que possuem sobre suas necessidades e potencialidades.

Ao focar nos aspectos locais, os municípios poderiam transformar o Plano Diretor em um dispositivo mais direto e objetivo, eliminando formalismos que não agregam valor prático. Essa adaptação permitiria que as cidades se apropriassem da legislação urbana, moldando-a para atender aos seus desafios únicos. O resultado seria um planejamento urbano mais eficiente, guiado pela realidade e pelas prioridades do município, em vez de um conjunto de regras limitadoras, criadas para atender a um padrão federal.

A incoerência legislativa que permeia o Plano Diretor no Brasil é um reflexo de uma estrutura federativa que, na prática, inibe a autonomia dos municípios, transformando suas leis locais em extensões de diretrizes gerais. Ao exigir que os municípios repliquem normas federais e estaduais, o sistema limita a capacidade das cidades de desenvolverem políticas urbanas autênticas e adaptadas, desperdiçando, assim, o potencial transformador que o Plano Diretor deveria ter.

Concentrar os Planos Diretores apenas nos dispositivos que realmente definem aspectos locais e relevantes seria um passo em direção a uma legislação urbana mais eficaz e menos burocrática. Este modelo de Plano Diretor enxuto traria autonomia aos municípios, permitindo que legislem de acordo com suas especificidades, sem perder a compatibilidade com os princípios gerais estabelecidos no Estatuto da Cidade. Em última análise, é apenas por meio de uma legislação coerente e alinhada com a realidade local que se pode alcançar um desenvolvimento urbano verdadeiramente sustentável e alinhado às necessidades dos cidadãos.

Servidão, Propriedade e Liberdade no Estado Contemporâneo

A ideia de servidão, historicamente associada à perda de liberdade e ao controle direto sobre a vida de uma pessoa por outra, passou por transformações ao longo dos séculos. No mundo moderno, a servidão não se manifesta mais na forma explícita de escravidão ou feudalismo, mas subsiste por meio de uma rede complexa de mecanismos de controle que limitam a propriedade privada, a liberdade individual e a renda. O Estado contemporâneo, em seu modelo positivista, transforma o que deveria ser direito natural – como a propriedade e a liberdade – em concessões sujeitas a constante interferência.

A Propriedade Subjetivada no Estado Positivista

A noção de propriedade privada sempre foi fundamental para a autonomia individual. Desde a antiguidade, filósofos e teólogos argumentaram que a propriedade permite ao indivíduo ter um espaço de liberdade e autonomia. No entanto, no contexto do estado positivista contemporâneo, a propriedade deixou de ser um direito inviolável e tornou-se uma concessão sujeita a regulamentações, impostos e restrições.
O Estado moderno, enquanto instrumento centralizador de poder, interfere de maneira constante na propriedade privada, subjetivando sua posse e uso. Através de um vasto conjunto de regulações, o Estado impõe a sua vontade sobre os meios de produção e consumo, reduzindo o direito de propriedade a uma mera abstração, subordinada às necessidades do coletivo ou ao "bem comum", como definido pelos legisladores e governantes. Ao fazê-lo, o Estado positivista redefine o que significa ser proprietário, tornando o indivíduo cada vez mais dependente de permissões e regulamentos para usufruir do que é, em teoria, de sua propriedade.
Essa interferência não se dá apenas no campo jurídico, mas também no econômico. Os altos impostos sobre a propriedade e os bens, além de outras taxas e encargos, transformam o conceito de propriedade em algo temporário e condicionado. Aquilo que é possuído, muitas vezes, só o é em função de uma permissão estatal, que pode ser revogada a qualquer momento por políticas de expropriação ou de intervenção econômica.

Liberdade Fundamental e a Estrutura Estatal de Poder

Se a propriedade é subjetivada, a liberdade individual segue o mesmo caminho. O conceito de liberdade, especialmente no Ocidente, é centralizado na ideia de autodeterminação e no direito de viver conforme a própria consciência e escolhas. No entanto, as liberdades fundamentais, como a liberdade de expressão, de locomoção e de associação, estão cada vez mais restritas pelas estruturas estatais de poder, que ampliam seu alcance sob o pretexto de "segurança", "justiça social" ou "ordem pública".
A liberdade individual, que deveria ser inalienável, se transforma em uma liberdade "condicional" no estado positivista. As intervenções do Estado, muitas vezes justificados pelo bem coletivo, acabam por limitar a autonomia individual em diversos níveis. O exemplo mais visível é o crescente poder de vigilância do Estado moderno. Com o avanço da tecnologia, o Estado tem o poder de monitorar, restringir e punir qualquer ação que ele considere fora do escopo de suas leis, muitas vezes sem o devido processo legal ou com justificativas vagas, como "ameaças à segurança nacional".
Além disso, o sistema legal moderno, ao mesmo tempo que garante direitos no papel, cria uma série de mecanismos que limitam a verdadeira expressão da liberdade. O poder estatal aumenta na medida em que ele se torna o mediador da vida cotidiana. Na prática, o indivíduo é cada vez mais subordinado ao Estado, que se arroga o papel de definir o que é ou não liberdade aceitável.

A Renda Capturada e a Redução do Poder de Libertação

A renda, que em um sistema verdadeiramente livre seria uma ferramenta de emancipação pessoal e familiar, se transforma em outro meio de controle estatal. No modelo atual, a renda do indivíduo é capturada pelo Estado por meio de impostos progressivos, contribuições sociais compulsórias e um sistema de tributações múltiplas, que, ao invés de promover justiça social, limita a capacidade de o indivíduo exercer seu potencial de libertação.
A renda, que deveria ser uma expressão da autonomia pessoal, permitindo a ascensão econômica e a liberdade de escolha, é frequentemente drenada para sustentar a máquina estatal e seus projetos centralizadores. A promessa de redistribuição, que muitas vezes serve de justificativa para a alta taxação, raramente se concretiza em benefícios proporcionais àquilo que foi retirado. O sistema de tributos, progressivamente expansivo, reduz o poder de consumo e investimento do indivíduo, fazendo com que a capacidade de ascender socialmente seja constantemente limitada.
Dessa forma, a captura da renda representa um novo tipo de servidão, onde o trabalhador e o empresário, em vez de serem escravos de senhores feudais ou donos de escravos, tornam-se servos da burocracia estatal, que se alimenta dos frutos de seu trabalho. Ao limitar a renda disponível, o Estado reduz as opções de crescimento pessoal, familiar e comunitário, consolidando sua posição como um poder absoluto e intermediário entre o indivíduo e suas aspirações.

Servidão Moderna e o Declínio da Autonomia Individual

A servidão moderna não se manifesta mais de forma explícita, como nas formas antigas de escravidão ou feudalismo. No entanto, ela persiste de forma mais sutil e abrangente. A propriedade, que deveria ser um direito inviolável, é controlada por uma série de regulações e tributações que minam a liberdade de uso. A liberdade fundamental, que deveria ser inalienável, é restringida por um aparato estatal que constantemente redefine o que é permitido. E a renda, que deveria ser uma ferramenta de libertação, é capturada e redistribuída para sustentar um sistema que perpetua a dependência.
A verdadeira liberdade exige que o indivíduo tenha controle sobre sua propriedade, suas ações e seus ganhos. Quando o Estado positivista subjuga essas dimensões, ele cria uma forma de servidão moderna, onde a autonomia individual é constantemente sufocada. O resultado é uma sociedade de indivíduos cujas liberdades são cada vez mais limitadas, e cujo potencial de realização pessoal é reduzido em nome de uma promessa de bem-estar coletivo que raramente se concretiza.

A jornada evolutiva e a resistência à Inteligência Artificial

A evolução da Inteligência Artificial (IA) representa um épico tecnológico que se desdobra ao longo de décadas, transformando radicalmente a maneira como interagimos com o mundo digital, paralelamente a essa jornada, surge um fenômeno familiar: a resistência à adoção de novas tecnologias no ambiente educacional, este ensaio busca desbravar tanto a evolução fascinante da IA quanto a complexa dinâmica entre inovação e resistência no processo de aprendizagem. A história da IA remonta ao seu nascimento nos anos 1950, quando pesquisadores começaram a explorar a possibilidade de criar máquinas capazes de imitar a inteligência humana, as primeiras gerações foram marcadas por sistemas baseados em regras e lógica simbólica, seguidas por avanços notáveis nas redes neurais profundas, que caracterizaram a terceira geração. A virada do século trouxe consigo a quarta geração, destacada pelo pré-treinamento em grandes conjuntos de dados, pavimentando o caminho para modelos como o BERT e o GPT. Hoje, nos encontramos na quinta geração, personificada pelo ChatGPT, um exemplo impressionante do potencial dos modelos baseados em transformadores. Enquanto a IA avança, uma narrativa paralela se desenrola nas salas de aula, a resistência à adoção de novas tecnologias no processo de aprendizagem, esse fenômeno não é único, tendo sido observado com a introdução da Wikipedia, computadores, Google e, mais recentemente, com o ChatGPT. A Wikipedia, inicialmente questionada por educadores devido à sua natureza colaborativa de edição, acabou por se tornar uma fonte inestimável de conhecimento, a transição para computadores ainda gera preocupações sobre o impacto na escrita manual, mas a tecnologia mostrou-se benéfica para a eficiência e a pesquisa, a chegada do Google como fonte de pesquisa também encontrou resistência inicial, confrontando a tradição dos livros físicos como a principal fonte de conhecimento. Hoje, há um receio palpável em relação ao ChatGPT, onde alguns educadores temem que sua utilização possa comprometer a autenticidade do aprendizado, resultando em respostas geradas automaticamente em vez de uma compreensão profunda. A resistência à inovação no ambiente educacional é compreensível, pois reflete preocupações legítimas sobre a qualidade do aprendizado e a autenticidade do conhecimento adquirido, no entanto, é crucial abordar essa resistência com uma perspectiva equilibrada. A experiência passada com inovações mostra que, quando incorporadas com cuidado e consideração, as novas tecnologias podem se tornar aliadas valiosas no processo educacional, a chave está em encontrar harmonia entre as práticas pedagógicas tradicionais e as oportunidades que a IA, como o ChatGPT, oferece. Ao invés de ver a tecnologia como uma ameaça à autenticidade, os educadores podem explorar maneiras de integrar essas ferramentas no currículo de modo a complementar, não substituir, métodos tradicionais, isso pode envolver o uso do ChatGPT como uma ferramenta de pesquisa avançada, estimulando a criatividade e o pensamento crítico dos alunos. O caminho da IA é uma odisseia que continua a desdobrar-se diante de nós, assim como a dinâmica entre inovação e resistência na educação, o ChatGPT, como uma peça notável dessa jornada, representa a dualidade de potencial e preocupação que a inovação traz consigo. Em última análise, a busca por equilíbrio é essencial, a resistência educacional à IA não deve ser vista como um obstáculo intransponível, mas como uma oportunidade para uma reflexão cuidadosa sobre como integrar essas tecnologias de maneira ética e eficaz, nessa busca pelo equilíbrio, podemos encontrar uma harmonia onde a inovação e a tradição coexistem, proporcionando uma educação rica, autêntica e preparatória para o futuro.

Uma análise de Matrix, à partir de uma visão católica

A trilogia "Matrix" dos irmãos Wachowski, lançada à partir de 1999, é uma obra que transcende os limites cinematográficos, mergulhando profundamente em temas filosóficos e espirituais. Ao considerar a narrativa à luz das sagradas escrituras, notamos um intrigante paralelo entre as pílulas vermelha e azul, que se entrelaça com simbolismos presentes no Gênesis e no Evangelho de São João. Thomas Anderson é o arquétipo moderno do buscador espiritual comum, inicialmente sua jornada é marcada por um anseio intrínseco por significado e verdade divina, refletindo a aspiração inerente de muitos em busca de uma conexão mais profunda com Deus, inicia sua busca ansioso por respostas transcendentes. Sua interação com a Matrix pode ser interpretada como a metáfora das armadilhas que o inimigo, simbolizado pela ilusão e pelas tentações, coloca no caminho da busca espiritual. A oferta de Morpheus para escolher entre as pílulas, reflete a bifurcação de caminhos frequentemente enfrentada por buscadores espirituais, ao optar pela pílula vermelha, Anderson parece buscar uma verdade mais profunda, mas essa escolha revela-se como uma armadilha, pois o conduz a um estado de rebelião e desconstrução da realidade que, na verdade, pode afastá-lo de uma compreensão autêntica de Deus, as tentações carnais, personificadas na relação com Trinity, servem como obstáculos adicionais na sua jornada, destacando como as armadilhas do inimigo podem se manifestar mesmo nos aspectos mais íntimos da busca espiritual. Na trama Morpheus desempenha um papel crucial ao apresentar a escolha entre as pílulas vermelha e azul a Thomas Anderson, essa dinâmica pode ser interpretada como uma paralelo contemporâneo à narrativa bíblica da serpente no Jardim do Éden, assim como a serpente tentadora ofereceu a Eva o fruto proibido, Morpheus apresenta a escolha de desafiar as limitações impostas pela Matrix. A serpente, frequentemente associada a enganos e tentações, sugere que Morpheus pode estar conduzindo Thomas Anderson a uma decisão que, embora prometa liberdade e conhecimento, também carrega consigo o fardo das consequências, assim como a serpente sugeriu a Eva que ela poderia se tornar como Deus ao comer do fruto proibido, Morpheus apresenta a ideia de transcender a Matrix e alcançar uma verdade mais profunda. Essa analogia revela uma dualidade intrigante no papel de Morpheus, ele é simultaneamente um guia benevolente que busca libertar os indivíduos da ilusão da Matrix e uma figura que oferece uma escolha tentadora, na qual a promessa de conhecimento e liberdade pode se desdobrar em consequências inesperadas. A escolha da pílula vermelha pode ser interpretada como um eco moderno do épico relato do Gênesis, onde Adão e Eva enfrentam a tentação do fruto proibido no Jardim do Éden, da mesma forma que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal oferecia a promessa de uma compreensão mais profunda e uma visão além da realidade percebida, a pílula vermelha apresenta a Thomas Anderson uma oportunidade de transcender a ilusão da Matrix. Assim como o fruto proibido desencadeou a queda da humanidade, a escolha pela pílula vermelha representa uma ruptura deliberada com a norma estabelecida pela Matrix, Morpheus, ao oferecer essa escolha, assume o papel de uma figura quase serpentina, incentivando Thomas Anderson a desafiar as restrições impostas e a buscar um conhecimento além do que é permitido. O ato de ingerir a pílula vermelha torna-se, então, um momento de transgressão, onde ele abraça o desconhecido, desafiando a ordem preestabelecida, a pílula, como o fruto proibido, não apenas oferece conhecimento, mas também carrega consigo o peso da responsabilidade e das consequências inerentes à busca pela verdade, assim, a pílula vermelha, na narrativa de "Matrix", incorpora o espírito da tentação, convidando o protagonista e o espectador a questionarem a realidade e a aceitarem o ônus da transgressão. Contrastando com a ênfase na rebelião contra a Matrix, a escolha pela pílula azul, que representa o caminho, a verdade e a vida, pode ser interpretada como a busca pela verdade divina oculta, nesta perspectiva, Morpheus, ao priorizar a desconstrução da realidade artificial, pode estar ocultando intencionalmente a possibilidade de uma redenção autêntica baseada na aceitação da verdade revelada por Jesus Cristo, enquanto a pílula vermelha parece oferecer liberdade, ela pode levar a uma liberdade ilusória, afastando os indivíduos da verdadeira redenção espiritual representada pela pílula azul. Dentro da trilogia "Matrix", Trinity surge como uma figura intrigante cuja relação com Thomas Anderson antes da escolha das pílulas adiciona complexidade à narrativa, essa dinâmica pode ser interpretada como uma representação contemporânea da tentação carnal, evocando paralelos com histórias bíblicas que exploram os desafios do desejo humano, assim como personagens bíblicos frequentemente enfrentam tentações carnais, a relação entre Trinity e Thomas Anderson antes da escolha das pílulas sugere uma influência poderosa e sedutora, Trinity pode ser vista como uma encarnação da tentação carnal, representando os desejos mundanos que podem desviar do caminho da verdadeira redenção. A dualidade na interpretação de Trinity oferece uma perspectiva multifacetada sobre a tentação, enquanto Morpheus guia Thomas Anderson na escolha entre as pílulas, Trinity atua como um lembrete das tentações terrenas que podem influenciar decisões, a interação entre eles adiciona uma camada complexa à narrativa, questionando se as escolhas de Anderson são impulsionadas apenas pela busca da verdade ou se são também influenciadas por desejos mais carnais. A cidade de Zion na trilogia pode ser interpretada como um estado pós-queda, onde a humanidade enfrenta as consequências de suas escolhas e vive em um ambiente apocalíptico, o paralelo com o inferno católico se aprofunda ao considerar a constante ameaça das máquinas que assombram a cidade, essas máquinas, símbolos da opressão e da degradação da humanidade, refletem a visão tradicional do inferno como um lugar de tormento, a luta constante pela sobrevivência e a presença ameaçadora das máquinas ecoam o conceito católico de um estado separado da graça divina, onde as almas estão distantes da presença de Deus. Ao considerar Zion como um inferno na tradição católica, a trilogia "Matrix" lança uma sombra sobre a ideia de redenção, enquanto a busca pela verdade e pela liberdade é central na narrativa, a interpretação de Zion como um inferno sugere que mesmo após a rebelião contra a Matrix, a humanidade ainda enfrenta um estado de queda e afastamento de uma existência harmoniosa. Na trilogia "Matrix", a narrativa transcende os limites da ficção ao explorar temas complexos que ecoam nas profundezas da busca espiritual e da redenção, a metáfora das pílulas vermelha e azul, inicialmente apresentada como escolhas entre a ilusão e a verdade, ganha contornos mais ricos ao ser interpretada à luz das tradições bíblicas, especialmente na perspectiva católica. Morpheus, guiando Thomas Anderson através da escolha das pílulas, é reimaginado como uma figura ambígua, simultaneamente representando um guia benevolente e a serpente da tentação, a dualidade das pílulas se desdobra em uma reflexão sobre o verdadeiro caminho para a redenção, revelando uma complexidade inesperada. Trinity, como encarnação das tentações carnais, oferece uma representação poética dos desafios humanos na busca pela verdade. Zion, interpretada como um inferno bíblico, acrescenta camadas de significado, indicando que mesmo após a rebelião contra a ilusão, a humanidade pode enfrentar um estado de queda e desafios espirituais. Thomas Anderson, como um buscador espiritual comum, personifica a jornada cheia de armadilhas que muitos enfrentam na busca por Deus, sua trajetória é uma narrativa atemporal sobre discernimento, tentações e a luta constante para alcançar uma verdade genuína. A conclusão é uma chamada à reflexão profunda sobre as escolhas que fazemos em nossa busca pela verdade, as armadilhas que podem surgir no caminho e a necessidade de discernimento espiritual, a trilogia "Matrix" não é apenas um épico de ficção científica, mas um espelho que nos convida a contemplar as complexidades da busca pela verdade, redenção e a eterna luta entre a luz e as sombras em nossa jornada espiritual.

Covid19

No dia 19 de março de 2020 a Pandemia chegou ao Litoral Norte Gaúcho, se antes desse dia tínhamos um olhar jocoso sobre a doença, mudamos nossas reações imediatamente. Em três dias os poderes públicos decretaram calamidade pública nacional, convocando a população há não sair de casa, apenas serviços essenciais continuam funcionando de modo reduzido.
O homework e o homeschool passaram de uma opção excêntrica à única alternativa possível. Enquanto o homework é bastante difundido entre as atividade intelectuais, ainda é preciso grande adaptação para atividades braçais, quiçá uma adaptação neste momento crítico nos proporcionará uma grande mudança na estrutura de trabalho. Já o homeschool criticado por muitos, mas adotados por tantos outros, passou à ser a única opção da noite para o dia, falta essa adaptação para crianças, entretanto para muitos pais que já cogitavam adotar o homeshooling para seus filhos, esta é a motivação que faltava para iniciar.
A situação está muito incipiente ainda, pode ser passageira e terminar logo, nos permitindo voltar à vida normal, ou pode durar meses, nos obrigando à mudanças em nossos estilos de vida. Essas mudanças devem afetar a todas as esferas de nossa vida, no domingo a o Estadão publicou um guia do trabalho remoto que pode subsidiar nossas adaptações à esta nova realidade.

Pórtico de Arroio do Sal

Imagem do pórtico de Arroio do Sal
"Faz qualquer coisa, mas não me perde esse recurso!", foi a ordem dada naquela manhã pela secretária. Nossa equipe estava trabalhando há semanas, tentando resolver uma exigência aparentemente simples e obvia, dada pelo gestor do recurso para que pudesse aprovar nosso projeto, "como será o processo de execução".
Tínhamos ganho o projeto do pórtico de um profissional que já não mais fazia parte da equipe, na verdade entrei pouco tempo depois de ele ter saído. Minha tarefa era desenvolver o projeto dele para ser aprovado pelo gestor e ser feita a licitação para execução da obra, entretanto estávamos andando em círculos sem conseguir definir o processo construtivo da estrutura, metade da documentação apontava que seria uma estrutura de concreto armado moldado no local, enquanto nos parecia mais coerente adotar uma estrutura pré-fabricada. O impasse foi se arrastando no tempo, agravando minha angústia de ter de desenvolver um projeto que, pessoalmente, não me agradava.
Aquela ordem era o que eu precisava, uma espécie de carta branca, para começar um projeto totalmente novo. Tínhamos uma semana para entregar o novo projeto, resolvendo toda a questão de processo construtivo, interdição do acesso da cidade, com um orçamento máximo de duzentos e cinquenta mil reais. Iniciamos o processo criativo depois de descartarmos a possibilidade de ser feito um concurso público, devido ao prazo para conclusão do projeto e a impossibilidade financeira de premiar o vencedor. Cogitou-se como prêmio, a "honra" de ter um projeto exposto na entrada da cidade.
No primeiro dia desenvolvemos diversas ideias conceituais, em torno do pescador símbolo da cidade, abandonando definitivamente o conceito de canoas do projeto herdado. Todas as ideias pareciam impossíveis de serem executadas com algum método tradicional, no nosso coração estava a vontade de usar concreto, nos nossos esboços a necessidade de usar aço.
Em algum momento daquela tarde alguém comentou ironicamente, que todas as casas de Arroio do Sal tinham um pergolado, então por que não fazíamos um símbolo máximo da cidade. Como um sopro quentinho no coração, aquilo me fez todo o sentido e decidi que iríamos trabalhar essa ideia.
O projeto seria desenvolvido em concreto armado, sete arcos retos seguidos, causando a sensação de passar por baixo de uma pérgola. Apoiados por um dos lados em apenas três pilares que deveriam se destacar da estrutura, proporcionando um impacto visual pela ausência de sustentação para metade da estrutura.
Levantou-se o questionamento do significado daquela estrutura. Uma das teorias versa que representa o colonizador daquela região, os italianos da região de Caxias do Sul, produtores de vinho que tinham os parreirais como geradores de riqueza, os quais permitiriam que construíssem suas casas de veraneio no litoral norte. Outra versão diz que foram sete as famílias que fundaram Arroio do Sal, representadas nos sete pilares ao norte, mas apenas três são os que mandam na cidade, representados nos três pilares ao sul. Para este arquiteto, é nada mais que uma pérgola, símbolo da arquitetura contemporânea da cidade.
Contou com a participação de Steeven Ávila como arquiteto autor do projeto, Evandro Piccolo como consultor do projeto estrutural, Cristiano Flores e Ranieri Pereira como desenhistas técnicos e Rita Basei como gerente de projeto.

Mirante da Lagoa

O edifício residencial Mirante da Lagoa foi projetado para a construtora 3G, localizado na Zona Nova em Capão da Canoa. Com nove pavimentos, contém cinquenta apartamentos, duas loja no térreo, dois pavimentos de garagem, salão de festas com espaço gourmet no terceiro pavimento, espaço web com wifi no térreo e mirante na cobertura.

CasaÁvila



Tal qual um organismo vivo, nossa casa foi planeada para acompanhar nossas premissas, nossas necessidades, nossas possibilidades, no decorrer de nossa vida. Está implantada num terreno com declive, que possibilita um bom afastamento do solo, evitando umidade e permitindo uma futura expansão do espaço. Em um primeiro momento trata-se de um ambiente único que conta com espaço suficiente para um quarto, escritório, sala e cozinha, tudo separado apenas pelo mobiliário, o banheiro e a lavanderia se comunicam isoladamente do restante. As linhas formais contrapõem o conceito de arquitetura viva, com arestas abruptas formadas por um conjunto de caixas que se interceptam, formadas por concreto e vidro. A parede norte é composta completamente por grandes portas de vidro que se abrem para o futuro jardim, em oposição à fachada sul que se volta para a rua, com o mínimo de aberturas. No sentido de arquitetura viva, não se trata de um projeto fechado, e sim num princípio gerador de possibilidades que se abrem com as mudanças de perspectivas e de requisitos que a vida nos apresenta, uma vida simples, pautada no essencial e repudiando todo o possível do consumismo secular.

CasaMistura

Projeto criado em parceria com Cristiano Flores, para construção em Arroio do Sal, são duas casas, com três dormitórios (um suíte), sala, cozinha e abrigo com churrasqueira. O terreno de esquina possibilitou que cada casa tivesse frente para uma das ruas, permitindo que as duas fachadas sejam distintas embora as plantas baixas sejam iguais. Destaque para a varanda que parece flutuar sobre o terreno, apoiada em apenas um pilar que corta e apoia a marquise.

Mirante das Estrelas

Fachada do Mirante das Estrelas
O edifício residencial Mirante das Estrelas é o novo lançamento da construtora 3G, localizado na Zona Nova em Capão da Canoa, com setenta e quatro apartamentos de dois e três dormitórios (um suíte). Conta com salão de festas com espaço gourmet, espaço web com wifi, lavanderia central, fitness com piscina e mirante na cobertura. São nove pavimentos com dez apartamentos, contando com seis apartamentos de frente, onde quatro são de dois dormitórios e dois nas esquinas com três dormitórios, na cobertura conta com quatro apartamentos duplex com possibilidade de até quatro dormitórios (dois suítes) e duas salas de estar.